segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Paciência...


Sentado quietamente,
Nada fazendo,
A primavera vem,
A grama cresce por si.

(Zenrin Kushû)


foto: janela de Yakushi-In por Telma França

Stand By Me... Arround the World

Essa versão de Stand By Me, originalmente de Ben E. King, foi feita de uma forma sem igual, usando um “estúdio virtual” com artistas de rua. Tudo começou nas ruas de Santa Monica, California, onde Roger Ridley gravou a voz e o violão base. Em seguida, na Louisiana, mais uma voz foi adicionada junto com gaita por Grandpa Elliot, um cantor cego, enquanto escutava por headphones a base gravada de Roger. A partir daí, a busca se tornou mais longa. Os produtores não se mantiveram apenas nos EUA. Foram à Europa, África e vieram também aqui para a América do Sul, fazendo a mesma coisa até termos a versão final que você vê abaixo. Tudo feito apenas com um laptop e alguns microfones.

Stand By Me
Ben E. King / Jerry Leiber / Mike Stoller

When the night has come
And the land is dark
And the moon is the only
Light we'll see

No I won't be afraid
No I won't be afraid
Just as long as you stand
Stand by me

So darling, darling
Stand by me, stand by me
Stand by me, stand by me
Stand by me

If the sky we look upon
Should trumble and fall
Or the mountain should crumble
To the sea

I won't cry, I won't cry
No I won't shed a tear
Just as long as you stand
Stand by me

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Give Peace a chance!!!

"Neste exato momento, possam nem mesmo os nomes doença, fome, guerra e sofrimento ser ouvidos pelas pessoas e nações da Terra. Mas possas sim, sua conduta moral, mérito, riqueza e prosperidade crescer, e possam a suprema bem-aventurança e bem-estar sempre surgir para elas."
(desejo auspicioso escrito por Dudjom Rinpoche, Jigdral Yeshe Dorje)


Happy Christmas (War is Over)
John Lennon & Yoko Ono

So this is Christmas
And what have you done
Another year over
And a new one just begun
And so this is Christmas
I hope you have fun
The near and the dear one
The old and the young

A very merry Christmas
And a happy New Year
Let's hope it's a good one
Without any fear
And so this is Christmas
For weak and for strong
For rich and the poor ones
The world is so wrong

And so happy Christmas
For black and for white
For yellow and red ones
Let's stop all the fight
A very merry Christmas
And a happy New Year
Let's hope it's a good one
Without any fear

And so this is Christmas
And what have we done
Another year over
And a new one just begun
And so this is Christmas
I hope you have fun
The near and the dear one
The old and the young

A very merry Christmas
And a happy New Year
Let's hope it's a good one
Without any fear
War is over over
If you want it
War is over
Now...

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

That's what Christmas means to Mr. Wonder!


That's what Christmas Means To Me
(Stevie Wonder)

Oh yeah...
Candles burnin' low,
Lot's of mistletoe.
Lot'sof snow and ice,
Eveywhere we go.
Choirs singin' carols,
Right outside my door.
All these things and more
(All these things and more)
That's what Chrstmas means to me my love
(That's what Christmas means to me my love)
Oh yeah,
Hy hy yeah eah eah
And ya know what I mean
I see your smilin' face
Like I never seen before
Even though I love ya madly
It seems I love you more
And little cards you give me
Will touch my heart for sure
All these things and more, darling
(All these things and more)
Whoah!
That's what Chrstmas means to me my love
(That's what Christmas means to me my love)
Oh yeah ha ha!
I feel like runnin' wild
As eaches and a little child
Greet you neath the mistle toe
Kiss you once and then some more
And wish you a Merry Christmas baby
(Wish you a Merry Christmas baby)
And such happiness in the comin' year
Oh baby
Let's deck the halls with holly
Sing sweet silent night
Fill a sheet with angel hair
And pretty, pretty lights
Go to seep and wake up
Just before daylight
All these things and more, baby
(All these things and more)
Whoah!
That's what Chrismas means to me my love
(That's what Christmas means to me my love)
Oh baby baby!
Yeah!
Candles burnin' low
Lots and lots of snow
Alright!
Christmas bells are ringin'
Christmas choirs singin'
Whoo!
Christmas mistletoe...

Sassy takes me to...


Somewhere Over the Rainbow
(Harold Arlen / E.Y. Harburg)

Somewhere over the rainbow
Way up high,
There's a land that I heard of
Once in a lullaby.
Somewhere over the rainbow
Skies are blue,
And the dreams that you dare to dream
Really do come true.
Someday I'll wish upon a star
And wake up where the clouds are far
Behind me.
Where troubles melt like lemon drops
Away above the chimney tops
That's where you'll find me.
Somewhere over the rainbow
Bluebirds fly.
Birds fly over the rainbow.
Why then, oh why can't I?
If happy little bluebirds fly
Beyond the rainbow
Why, oh why can't I?

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

poema-presente

Ontem ganhei este hai-kai de presente...


contato franco
com o silêncio
dom do canto

Gabriela Gusmão 
 

 Lindo, amiga! Gasshô!

Classic Christmas

 
The Christmas Song
(Robert Wells / Mel Torme)

Chestnuts roasting on an open fire
Jack Frost nipping at your nose
Yule-tide carols being sung by the choir
And folks dressed up like Eskimos
Everybody knows a turkey
and some mistletoe
Help to make the season bright
Tiny tots with their eyes all aglow
Will find it hard to sleep tonight
They know that Santa is on his way
He's loaded lots of toys
and goodies on his sleigh
And every mother's child is gonna spy
To see if reindeer
really know how to fly
And so I'm offering this simple phrase
To kids from one to ninety-two
Although it's been said
many times, many ways
Merry Christmas to you

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Observando a paisagem do Natal... Sobre a saudade e a impermanência...

O Natal está aí, como acontece todos os anos. É uma época em que me sinto um pouco estranha hoje em dia. Fico com uma sensação de peixe fora d'água, ou no mínimo, nadando contra a corrente...
Mas apesar da correria para comprar presentes e preparar a ceia,  o que, confesso, só de olhar já me causa um certo cansaço, sinto que no fundo o que as pessoas querem mesmo é estar juntas, resgatando um sentimento de união e pertencimento,  um sentido de clã que data dos primórdios da humanidade.
Muitas pessoas se deprimem nesta época do ano. É uma época onde as questões afetivas ficam muito expostas, pendências e assuntos mal resolvidos de toda sorte parecem clamar por uma "solução definitiva" antes do Natal, que, afinal de contas, é um tempo de Paz! Especialmente as questões familiares ficam em evidência no nosso campo de atenção, mas também questões com parceiros, amigos, companheiros de trabalho, enfim, cada um vai enfrentar seu "Juízo Final" nesta época de balanço.
E aí chega a noite de Natal! Celebramos o nascimento de Jesus, que nos trouxe como ensinamento amarmos uns aos outros como Ele nos amou. Mas será que compreendemos esse amor que Ele nos ofereceu e oferece até hoje? E será que colocamos em prática este precioso ensinamento?
Minha educação espiritual se iniciou no Catolicismo. Aprendi a rezar muito pequenininha com minha avó, Dona Antônia Celeste, ou, como todos carinhosamente a chamavam, Vó Lili. Ela me levava à missa, que eu adorava! Achava a Igreja um lugar lindo, onde eu podia conversar melhor com Jesus, que eu considerava uma espécie de irmão mais velho, e também com Nossa Senhora, que eu tinha certeza que cuidava de todos por quem eu pedia nas minhas orações.
Na escola, me preparando para a Primeira Comunhão, durante as aulas de catecismo, ficava encantada com as histórias sobre a vida de Jesus e as parábolas que ele contava em seus sermões. Eu era meio fã do cara! Levei muito a sério a Primeira Comunhão, foi um momento muito especial na minha vida. E no Natal minha avó sempre me levava à missa. Eu entendia que aquela época era especial, pois estávamos celebrando o nascimento daquele amigo com quem eu conversava antes de dormir.
Minha família é muito grande e hoje em dia fica mais difícil juntar todo mundo numa casa só na noite de Natal. Mas temos um grande sentimento de união e pertencimento, aquela coisa de clã que mencionei no início. Mesmo na correria do dia-a-dia durante o ano todo estamos sempre conectados. Não precisamos nos falar ou nos ver com frequência para sentirmos isto. É claro que gostaríamos de estar juntos mais vezes e até nos esforçamos para tal, mas cada um tem um ritmo de vida e nem sempre conseguimos.
Talvez esse meu sentimento de estranheza de hoje em dia seja uma espécie de saudade dos tempos de criança, quando passávamos o Natal todos juntos e quando minhas avós eram vivas. Sim porque Vó Talita, minha avó paterna, também era um foco de reunião familiar. Não era católica e sim luterana, e não muito religiosa. Mas por ser avó e pela sua simples presença, conseguia reunir a família nestas datas simbólicas.
Não posso deixar de falar nas minhas tias-avós, Amália, Loló e Quinquinha, e também na Tia Rosa, nossa doce "Amiguinha" e na Tia Neusa, que celebrou seu centenário em grande estilo, com direito a missa e bumba-meu-boi! Todas elas viveram muito! Lindas e lúcidas! Que felicidade... Que saudade...
Nesta época bate forte a saudade de todos aqueles que se foram... Banjo, Dinda Lygia, Tertuliano, João Manoel, Ana Lucia, Patrícia, Max, Claudinha e tantos outros... Pessoas incríveis que coloriam nossas vidas com sua presença única!
Este ano estou especialmente triste, pois minha "avó postiça" Helenita está no hospital e não vai poder celebrar conosco... Passamos alguns Natais juntas na casa de minha irmã. Ela sempre nos deu muita alegria! O bom-humor e alto-astral encarnados num abraço farto e aconchegante!!! Saudade do seu empadão de frango, do seu nhoque... Mais que tudo, saudade das suas tiradas engraçadas, da sua gargalhada sempre presente... Muita saudade...
Mas agora temos as crianças! João Pedro, Lívia, Phillipe, Isabelle, Laura, Maria Eduarda e o Daniel que acabou de chegar!!! Nossas mães e pais estão virando avós e estão radiantes com isto! A impermanência tem sua beleza! O movimento incessante da vida nos permite flutuar nessa correnteza e observar a paisagem mudando...
A música "A saudade", de Antonio Saraiva, que está na postagem anterior a esta, me tem feito viajar no espaço-tempo e repousar a cabeça no colo das minhas avós...
De hoje até o Natal vou postar algumas canções que me trazem memórias afetivas. Foi o jeito que encontrei de observar os sons desta época em que fico assim meio nostálgica...
Carinho,
Valeria.

Dedico esta postagem a meus pais, Maria José e João Leão, em profundo agradecimento pelo meu Precioso Nascimento Humano. Dedico também a meus ancestrais, a minha família, aos meus amigos, aos meus Mestres, à Preciosa Sangha e a todos os seres que habitam o universo, em todos os tempos e nas dez direções. Que os méritos destas singelas palavras se estendam e toquem a todos.
Gasshô.

sábado, 19 de dezembro de 2009

"Cantando o que pertence de cantar... Cada um toca a sua história..."


A Saudade
Antonio Saraiva
(história e voz incidental: Francisca Adelaide Val de Casas Saraiva)

"Isto já foi há tantos anos...

Quando chegam a um lugar,
por exemplo a uma aldeia,
são contratados para um arraial, para uma festa.
E quando chegam no lugar
entra todo mundo tocando o que sabe:
pum, pum, pum, quer dizer, prrrllll!
Cada um toca a sua história.

Cantando o que pertence de cantar, não é?
Ou cantar ou tocar ou lá o que... eu não sei.
Eu sei que ele entrou fingindo!
E quem deu conta foi a minha mãe.
Minha mãe disse assim, olha ó Zé, olha lá olha!
Ele não está tocando não,
Ele está só fingindo.

... Gostou da história? "


Dezembro...


mês sem fim.
vem de fora
ou de dentro
esse cheiro
de jasmim?
(Paulo Leminski)

Kannon

Kannon é a pronúncia japonesa do nome chinês do Bodhisattva chamado Avalokitesvara em sânscrito. Avalokitesvara é descrito no Sutra de Lótus como alguém que sempre vem a este mundo para salvar um homem ou mulher que clama por ajuda. Kannon literalmente significa "Observador dos Sons" e isto expressa o caráter de Avalokitesvara que sempre atende às súplicas dos seres viventes neste mundo. Desta forma, Avalokitesvara é usualmente visto como um símbolo da Compaixão. Mas Mestre Dogen entendeu Avalokitesvara como um símbolo da Força da Vida que é mais fundamental para os seres viventes que a Compaixão. Então neste capítulo ele explicou o verdadeiro significado de Avalokitesvara, citando um famoso diálogo sobre Avalokitesvara entre Mestre Ungan Dojo e Mestre Dogo Enchi.
O Grande Mestre Ungan Muju pergunta ao Grande Mestre Shu-itsu, da montanha de dogo-zan, "O que o Bodhisattva da Grande Compaixão faz usando suas ilimitadamente abundantes mãos e olhos?"
Dogo diz, "Ele é como uma pessoa durante a noite tateando para trás para alcançar um travesseiro."
Ungan diz, "Eu compreendo, eu compreendo."
Dogo diz, "Como você compreende?"
Ungan diz, "Todo o corpo é mãos e olhos."
Dogo diz, "Suas palavras são ditas corretamente. Ao mesmo tempo, sua expressão da verdade é apenas oitenta ou noventa por cento de realização."
Ungan diz, "Eu sou simplesmente assim. E você, meu irmão?"
Dogo diz, "O corpo completamente realizado é mãos e olhos."
[....] 
Shobogenzo Kannon: Introdução (Mestre Dogen Zenji, Shobogenzo, Traduzido por Gudo Nishijima e Chodo Cross - Windbell Publications)


Fala correta...


Olhando para o meu rosto no espelho, pensei,
Vou parar de falar maledicências,
Porque serão os meus ouvidos
Que ouvirão de perto
As palavras ditas pela minha boca.

(Poema Japonês - Autor desconhecido)

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Se uma frase já não basta...


Pra Que Vou Recordar O Que Chorei
(Carlos Dafé)

Não quero mais saber de ti
Vou me recuperar, quero sorrir
Esquecendo a quem amei
Pra que vou recordar o que chorei
Se uma frase já não basta
Pra dizer tudo o que sinto
Quando bate o coração
Pra evitar os sofrimentos
Não se deve nessa vida
Se envolver com a ilusão

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

audição virtual de "Onde mora o segredo"

aqui-e-agora ouvindo...

Porta Aberta
(Arícia Mess / Aurélio Dias / Suely Mesquita)

Pareço com Deus, pareço contigo
Às vezes desapareço na caverna do umbigo
Pareço com mortos, pareço com vivos
Sinto as piores coisas, subo aos céus e ressucito
Pareço com anjos, pareço com bichos
Cresço e apareço, se cochicho o rabo espicho
Pareço com novo, pareço antigo
Prometo não nego, o que imagino não digo
Quem sou eu
Qualquer pessoa certa, quem vai saber
Eu sou a porta aberta, quem?
Quem sou eu
Qualquer pessoa certa, quem vai saber
Eu sou a porta aberta


 http://www.myspace.com/ondemoraosegredo

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A força que mora n'água...

É d'Oxum
(Gerônimo)

Oro mi má, Oro mi má iô.
Oro mi má iô, Yabadô a iê iê ô!
 
Nessa cidade todo mundo é d'Oxum
Homem, menino, menina, mulher
Toda essa gente irradia magia
Presente na água doce
Presente na água salgada
E toda cidade brilha
Seja tenente ou filho de pescador
Ou importante desembargador
Se der presente é tudo uma coisa só
A força que mora n'água
Não faz distinção de cor
E toda cidade é d'Oxum
É d'Oxum (Ora iê iê ô!)
É d'Oxum
É d'Oxum
Eu vou navegar
Eu vou navegar nas ondas do mar
Eu vou navegar...



quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O amor... será eterno novamente










A Deusa Dos Orixás
Nilze Carvalho

Iansã, cadê Ogum?
Foi pro mar
Mas, Iansã, cadê Ogum?
Foi pro mar

Iansã penteia
Os seus cabelos macios
Quando a luz da lua cheia
Clareia as águas do rio
Ogum sonhava
Com a filha de Nanã
E pensava que as estrelas
Eram os olhos de Iansã

Mas, Iansã, cadê Ogum?
Foi pro mar
Iansã, cadê Ogum?
Foi pro mar

Na terra dos Orixás
O amor se dividia
Entre um deus que era de paz
E outro deus que combatia
Como a luta só termina
Quando existe um vencedor
Iansã virou rainha
Da coroa de Xangô

Mas, Iansã, cadê Ogum?
Foi pro mar
Iansã, cadê Ogum?
Foi pro mar
...

Juízo Final
Élcio Soares / Nelson Cavaquinho

O sol... há de brilhar mais uma vez
A luz... há de chegar aos corações
Do mal... será queimada a semente
O amor... será eterno novamente

É o Juízo Final
A história do bem e do mal
Quero ter olhos pra ver
A maldade desaparecer


Saindo do Silêncio...


... devagarinho e com muita delicadeza pra não espantar as andorinhas nem incomodar o dragão que ainda está trocando os ossos...
Gasshô.


segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Uma andorinha só também faz Rohatsu!

E é isso aí, amigos! Paz pra todo mundo!!! Este é meu último suspiro antes da pausa que vou dar aqui no Shunyata e no resto da internet (e no celular, telefone, televisão, etc.), pois a partir de meia-noite... não, não levarei suas almas como o Zé do Caixão, não se preocupem, mas entrarei em Mahamuni, a prática do Grande Silêncio, até o dia 8/12.
Infelizmente estou impossibilitada de fazer o Rohatsu Sesshin - Retiro da Iluminação do Buda que acontece todo ano de 1 a 8 de dezembro - junto com minha querida Sangha, no paraíso terrestre que é o mosteiro Eisho-Ji em Pirenópolis-GO. Por isso decidi fazer um retiro de silêncio aqui na cidade mesmo, em pleno Samsarão! Uma eremita urbana, acreditam?! Vamos ver se consigo. Fazer uma cantora tagarela como eu ficar calada... só o Buda mesmo! Depois conto pra vocês se deu certo!
Aquele Abraço!
Gasshô,
Valeria

Partido Alto

O que é que o Zen tem a ver com Partido Alto? Vou contar uma historinha pra vocês. Num delicioso final de semana que passamos na companhia do Mestre Tokuda em Macaé de Cima (Nova Friburgo-RJ) ele sugeriu uma brincadeira em volta da fogueira numa noite de lua cheia maravilhosa. Era assim, cada um tinha que fazer um haikai, que é um tipo de poesia em versos curtinhos feita de improviso, inspirada em temas que surjam naquele momento, sem deixar espaço para criações intelectuais. E começamos a brincar. Num determinado momento a gente percebeu que tinha virado uma brincadeira de Repente com sotaque nordestino e tudo e caímos na gargalhada. Explicamos pra ele como é que era isso, esse duelo poético que é o Repente e ele falou: "Então vamos brincar de Repente, né?!" e entrou na brincadeira! Foi Repente que não acabava mais! Era julho e a gente assava queijo de coalho na fogueira, virou uma verdadeira festa caipira!

Mas e o Partido Alto?!!! Me deparei nas minhas andanças virtuais com esse filme que eu já tinha assistido com o inesquecível Candeia e num determinado momento ele fala que o Partido se assemelha muito ao Repente. Claro!!! Obrigada, Candeia, Paulinho da Viola, Leon Hirszman! Dedico essa minha "viagem musical" ao maior repentista japonês de todos os tempos, Tokudinho do Igarapé!



Partido Alto é um documentário brasileiro, escrito e dirigido por Leon Hirszman. Produzido pela Embrafilme, filmado em 1976 e lançado em 1982, o filme conta um pouco da história do Partido-Alto, subgênero musical derivado do samba, com raízes na batucada baiana. O documentário apresenta o partido-alto como um estilo livre de expressão e comunicação imediata, com versos simples e improvisados, de acordo com a inspiração de cada um - ao contrário do samba que estaria comprometido com o espetáculo. A narração do curta-metragem foi feita pelo sambista Paulinho da Viola.
fonte: Wikipedia






sábado, 21 de novembro de 2009

Takkesage - O verso do Kesa




"Quando eu me encontrava na China da Dinastia Sung, no fim da plataforma elevada, notei que cada manhã no fim do zazen o monge ao meu lado apanhava seu manto, o colocava na cabeça e fazendo um gasshô, recitava o seguinte:

Que maravilhoso é este manto!
Como um campo que dá todo tipo de felicidade.
Agora desdobramos aquilo que o Buddha transmitiu,
Para que todos os seres fiquem felizes.

Ao ouvir isto, me enchi da maior emoção e alegria que jamais havia experimentado em minha vida. Sem querer verti lágrimas de gratidão, e meu colarinho se umedeceu. Por quê? Apesar de ter lido o Agama Sutra antes e ter notado ali este verso, não sabia como era feito, em todos os detalhes. Vendo isto ante meus próprios olhos naquele momento me encheu de alegria. Disse então para mim mesmo, "Ora vejam só, quando estava no Japão, meus mestres jamais me ensinaram isto, nem haviam bons amigos que me tivessem mostrado esta prática. Quanto tempo, lamento dizer, desperdicei em vão. Que feliz estou agora, já que devido às minhas boas ações no passado, fui capaz de chegar a constatar isto. Se tivesse ficado no Japão, como poderia ter disto me inteirado, isto é, de como o monge sentado ao meu lado praticava usando o manto do Buddha?" Cheio destes sentimentos misturados de alegria e tristeza, chorei copiosamente. Prometi então a mim mesmo, "Me tornarei, apesar de indigno de tal, um herdeiro correto do buddhismo, um recipiente da prática buddhista, e transmitirei o Dharma a meus concidadãos, que me foi corretamente transmitida junto com o manto."
Esta promessa não foi, fico feliz em dize-lo, em vão, pois muitos leigos e monges usam hoje o manto. Aqueles que receberam o manto devem venerá-lo sempre. Ao fazer tal, adquirem o mérito mais elevado. Não é muito difícil de ouvir uma palavra ou verso do Dharma, pois até as pedras e árvores o manifestam constantemente. Não importa onde formos, contudo, é muito difícil de encontrar o mérito do manto que foi corretamente transmitido.
Em outubro de 1224, dois monges coreanos, Chi Hyun e Kyung Oon, foram a Chingyuan-fu na China Sung. Apesar de darem palestras constantemente sobre os sutras, eram apenas eruditos. Suas aparências não diferiam daquelas de pessoas comuns, pois que não tinham nem um manto nem tigelas. Que trágico é ser um monge apenas aparentemente e não ter a essência de um monge. Isto se deve quem sabe ao fato de pertencerem a um pequeno país periférico. Quando monges japoneses vão a outros países, se parecem muito com estes dois camaradas.
O Buddha venerou respeitosamente o seu manto durante doze anos. Nós, que somos seus seguidores devotados, devemos nos aplicar ao estudo de tal fato. Não devemos jamais venerar o céu, divindades, Reis ou ministros para obter através disto a fama ou o lucro, pois que nada nos dará felicidade maior que venerar o manto buddhista."

Extraído do Kesa Kudoku - O Mérito de se Usar o Manto Buddhista.
Capítulo 82 do Shobogenzo de Dôgen Zenji (1200-1253). Adaptado da tradução do monge Ryokyu Marcos Beltrão.
Fonte: Ecos do Silêncio.


sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Salve Zumbi! Salve Jorge!













África Brasil
(Jorge Ben Jor)

Angola, Congo, Benguela
Monjolo, Capinda, Nina
Quiloa, Rebolo
Aqui onde estão os homens
Há um grande leilão
Dizem que nele há uma princesa à venda
Que veio junto com seus súditos
Acorrentados em carros de boi
Eu quero ver quando Zumbi chegar
Eu quero ver o que vai acontecer
Zumbi é senhor das guerras
Zumbi é senhor das demandas
Quando Zumbi chega, é Zumbi quem manda
Aqui onde estão os homens
Dum lado, cana-de-açúcar
Do outro lado, um imenso cafezal
Ao centro, senhores sentados
Vendo a colheita do algodão branco
Sendo colhidos por mãos negras
Eu quero ver quando Zumbi chegar
Eu quero ver o que vai acontecer
Zumbi é senhor das guerras
Zumbi é senhor das demandas
Quando Zumbi chega, é Zumbi quem manda


terça-feira, 17 de novembro de 2009

Jai Guru Deva... Glória ao Mestre!

Reverenciando as Três Jóias peço tenacidade em minha prática. 
Dedico esta canção ao nosso mestre, Tokuda Roshi, ou como ele singelamente prefere ser chamado, nosso amigo Tokudinho.
Dedico-a também a todos os praticantes da Sangha Mahamuni, meus irmãos no dharma e à grande sangha que é toda a humanidade.
Que todos os seres possam manifestar plenamente sua Natureza Original de Buda em todas as infinitas direções do universo!



Across The Universe
The Beatles
(Lennon / McCartney)


Words are flowing out like endless rain into a paper cup,
They slither while they pass they slip away across the universe.
Pools of sorrow, waves of joy are drifting through my opened mind,
Possessing and caressing me.
Jai guru deva, Om...
Nothing's gonna change my world,
Nothing's gonna change my world,
Nothing's gonna change my world,
Nothing's gonna change my world.
Images of broken light which dance before me like a million eyes,
They call me on and on across the universe.
Thoughts meander like a restless wind inside a letter box,
They tumble blindly as they make their way across the universe
Jai guru deva, Om...
Nothing's gonna change my world,
Nothing's gonna change my world,
Nothing's gonna change my world,
Nothing's gonna change my world.
Sounds of laughter, shades of love are ringing through my opened ears,
Inciting and inviting me.
Limitless undying love, which shines around me like a million suns,
And calls me on and on across the universe.
Jai guru deva, Om...
Nothing's gonna change my world,
Nothing's gonna change my world,
Nothing's gonna change my world,
Nothing's gonna change my world.
Jai guru deva,
Jai guru deva,
Jai guru deva,
Jai guru deva,
Jai guru deva,
Jai guru deva...

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Buda Amitabha




Amitaba ou Amitabha é um dos Cinco Budas da Meditação, sendo o buda principal da família de Lótus (em tibetano: Pema), da direção Oeste, de cor vermelha, que purifica o karma do desejo. O animal associado é o pavão e seu elemento fogo, seu agregado é a percepção. Representa a sabedoria discriminativa dos Budas. Sua sílaba sagrada em tibetano é Hri. Sua consorte é Mamaki, que representa a propriedade do que é sólido.
Amitaba tem um especial comprometimento com a iluminação de todos os seres, sendo conhecido como o Buda da transferência da consciência na hora da morte, a passagem pelo bardo da morte, sendo objetivo dos que o cultuam alcançar a iluminação ou renascer na Terra Pura de Amitaba, de onde se alcança a iluminação.
No Tibete é conhecido por Od Pagme e no Japão por Amida Niorai (阿弥陀如来, あみだにょらい), sendo o mantra do Buda Amida em japonês conhecido por nenbutsu, como contração de Namo Amida Butsu. Acredita-se que a repetição do nenbutsu leva ao renascimento na Terra Pura de Amitaba. A devoção ao renascimento na Terra Pura de Amitaba originou no Japão o Budismo Terra Pura.
No budismo vajrayana praticamente todas as divindades representadas na cor vermelha pertencem à família Lótus e em geral, em sua iconografia, possuem uma pequena imagem do Buda Amitaba sobre suas cabeças, indicando serem uma emanação em relação a Amitaba.
(fonte: Wikipedia)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Vôo Livre


Ser livre é aprender a voar... às vezes em bando, às vezes aos pares. É se preparar para o grande e último vôo... aquele que a gente só pode fazer sozinho.



Amor e Amizade



Acredito que em nossa grande maioria ainda não nos amamos realmente para amar alguém. Temos apego pela nossa auto-imagem, pelo nosso ego, pela nossa identidade construída que nem sabemos direito o que é, mas como achamos que é só isso que existe, temos muito medo de perdê-la. E quando "amamos" alguém, estamos amando o reflexo dessa identidade no outro. Eureka! Vislumbramos a possibilidade de agarrar essa identidade fora de nós, só pra garantir. É uma enorme egotrip! Narcisismo total! E é por isso que acabamos machucando uns aos outros. Quando nos damos conta dessa grande ilusão nos culpamos e nos sentimos enganados pelo ser amado. "Como é que esse ser não corresponde a todas as minhas expectativas?" nos perguntamos atônitos. Mas nós também criamos muitas expectativas em relação a nós mesmos, pois não percebemos que já somos absolutamente perfeitos em nossa natureza original.
O verdadeiro amor está muito longe disso. Acho que nas relações de amizade podemos vivenciar mais plenamente o sentimento de amor. Talvez porque não estejamos tão envolvidos pelos sentidos físicos, que, convenhamos, nos deixam bastante confusos. Não é à toa que o Sutra do Coração nos alerta o tempo todo sobre a vacuidade de sua existência. Mas isso vale para todos os fenômenos. O que estou querendo dizer é que se os fenômenos brotam da vacuidade, ou seja, se forma é vazio e vazio é forma, podemos experimentar amar nossos amados assim como amamos nossos amigos, enxergando-os além da forma física que nos agrada, sentindo muito mais do que somos capazes através de nossos cinco sentidos e, principalmente, deixando-os livres para simplesmente existir, sendo exatamente quem eles já são. Isso é amizade. Isso é amor. Que tal praticá-lo em todas as nossas relações?

domingo, 8 de novembro de 2009

O seu amor

(Gilberto Gil)

O seu amor
Ame-o e deixe-o livre para amar
Livre para amar
Livre para amar

O seu amor
Ame-o e deixe-o ir aonde quiser
Ir aonde quiser
Ir aonde quiser

O seu amor
Ame-o e deixe-o brincar
Ame-o e deixe-o correr
Ame-o e deixe-o cansar
Ame-o e deixe-o dormir em paz

O seu amor
Ame-o e deixe-o ser o que ele é
Ser o que ele é
Ser o que ele é

O amor é um pássaro livre...

O que comumente chamamos de amor, quando dizemos estar apaixonados, na maioria das vezes é mais uma manifestação de desejo e apego. Ainda vemos o objeto de nossa paixão como algo separado de nós, algo que desejamos possuir e do qual não podemos nos separar mais. O verdadeiro amor vai muito além, pois nele enxergamos o ser à nossa frente como uma manifestação da natureza perfeita de todas as coisas e somos capazes de reverenciá-lo e respeitá-lo, assim como o fazemos com tudo o mais que nos cerca. O verdadeiro amor passa antes de tudo pelo respeito à liberdade do ser amado. E liberdade não tem nada a ver com posse ou apego. Entretanto liberdade não significa leviandade, mas implica uma enorme responsabilidade. É um exercício diário de atenção plena... Viver e deixar viver... Amar e deixar amar... Inspirar e expirar...

Carmen

Habanera
(Georges Bizet)

Quand je vous aimerai?
Ma foi, je ne sais pas,
Peut-être jamais,
peut-être demain.
Mais pas aujourd'hui, c'est certain.

L'amour est un oiseau rebelle
Que nul ne peut apprivoiser,
Et c'est bien en vain qu'on l'appelle,
S'il lui convient de refuser.
Rien n'y fait, menace ou prière,
L'un parle bien, l'autre se tait;
Et c'est l'autre que je préfère
Il n'a rien dit; mais il me plaît.
L'amour! L'amour! L'amour! L'amour!

L'amour est enfant de Bohême,
Il n'a jamais, jamais connu de loi,
Si tu ne m'aime pas, je t'aime,
Si je t'aime, prend garde à toi!
Si tu ne m'aime pas,
Si tu ne m'aime pas, je t'aime!
Mais, si je t'aime,
Si je t'aime, prend garde à toi!
Si tu ne m'aime pas,
Si tu ne m'aime pas, je t'aime!
Mais, si je t'aime,
Si je t'aime, prend garde à toi!

L'oiseau que tu croyais surprendre
Battit de l'aile et s'envola;
L'amour est loin, tu peux l'attendre;
Tu ne l'attend plus, il est là!
Tout autour de toi vite, vite,
Il vient, s'en va, puis il revient!
Tu crois le tenir, il t'évite;
Tu crois l'éviter, il te tient!
L'amour, l'amour, l'amour, l'amour!

L'amour est enfant de Bohême,
Il n'a jamais, jamais connu de loi,
Si tu ne m'aime pas, je t'aime,
Si je t'aime, prend garde à toi!
Si tu ne m'aime pas,
Si tu ne m'aime pas, je t'aime!
Mais, si je t'aime,
Si je t'aime, prend garde à toi!
Si tu ne m'aime pas,
Si tu ne m'aime pas, je t'aime!
Mais, si je t'aime,
Si je t'aime, prend garde à toi!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Os mil braços da compaixão

Avalokiteshvara, em sânscrito Avalokiteśvara, "Aquele que enxerga os clamores do mundo", é o/a bodhisattva que representa a suprema compaixão de todos os Budas. Um ser bodhisattva é aquela criatura que está adiantada ou pronta para alcançar o estado de Buda, contudo faz voto de só alcançá-lo plenamente quando nenhum ser estiver mais no samsara, ou na roda de encarnações neste mundo.
No Tibete é conhecido como Chenrezig. Também apresenta-se sob a forma feminina na China, onde é conhecida como Kuan Yin ou Guan Yin, e no Japão, onde é chamada de Kannon ou Kanzeon Bosatsu.
A ligação entre Avalokiteshvara e o Buddha Amitaba é expressa por uma parábola que diz que o bodhisattva, ao ver o sofrimento nos infernos, fez o voto de só atingir a iluminação quando os esvaziasse. Amitaba então perguntou que castigo ele receberia se falhasse e Avalokiteshvara lhe respondeu que poderia lhe partir a cabeça ao meio se não o fizesse. Imediatamente, Avalokiteshvara começou a retirar os seres dos infernos e trabalhando incessantemente, conseguiu esvaziá-los. Porém, tão logo se apresentou a Amitaba, os infernos estavam repletos, pois apenas os humanos mortos eram suficientes para enchê-los. Amitaba então bateu em sua cabeça e ela se partiu, nascendo em seguida mais cabeças e mais braços, para que Avalokiteshvara pudesse ver e acudir o número imenso de seres presos nos infernos e no samsara. Essa pequena história retrata a compaixão providente dos budas, que mesmo diante de nossos compromissos mais estranhos - partir a cabeça, por exemplo - podem extrair benefício a todos. Encontra-se na iconografia budista imagens de Avalokiteshvara com mil braços e cabeças. Na palma de cada uma de suas mil mãos há um olho para que ele possa enxergar em todas as direções e não perca de vista nenhum ser em sofrimento. 
(fonte: Wikipedia)

Neste magnífico balé, jovens chineses surdos-mudos interpretam com impressionante perfeição a dança de Avalokiteshvara de mil braços. Podemos perceber nessa plasticidade dos sentidos o que nos diz o Sutra do Coração "...e dessa maneira no vazio não há forma, não há sensações, não há discriminação e não há consciência. Não há olho, não há ouvido, náo há nariz, não há língua, não há corpo e não há mente. Não há cor, não há som, não há cheiro, não há gosto, não há tato e não há fenômenos. Nada existe desde o reino da visão até o reino da consciência...". O som independe da audição para ser captado. Pode ser ouvido com cada célula do corpo e, principalmente, com o coração. O mesmo se dá com todos os outros sentidos, pois todos brotam da mesma fonte, o vazio. Portanto, se são construídos, podemos brincar com eles, trocá-los de lugar. Podemos, por exemplo, fechar os olhos e escutar a paisagem. Experimentem! E inventem outros exercícios também. Depois me contem aqui!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Toda pérola começa como um grão de areia...


Para que uma pérola exista, é necessário que uma ostra seja invadida por um grão de areia, que fere sua carne até que ela o paralise com uma substância chamada madre-pérola, envolvendo-o. Quanto mais tempo a ostra fica fechada, maior vai ficando a pérola que se formou do encontro da ostra com o grão de areia. Se a ostra não se abrisse e fechasse para respirar, não receberia o invasor, e a pérola jamais existiria.

A prática do nome

Na nossa tradição, o Zen-Budismo, quando recebemos a ordenação monástica é como se estivéssemos nascendo para uma nova vida, a vida do Dharma. Não que isso signifique que devemos abandonar nossa vida cotidiana, nossos afazeres, nosso trabalho, nossos entes queridos, nada disso. Mas fazemos votos de incorporar o Dharma às nossas vidas, seguindo o caminho que o Buda nos ensinou como uma forma de aliviar o nosso sofrimento e o dos seres à nossa volta.
Simbolicamente, como estamos nascendo para uma nova vida, totalmente dedicada ao Dharma, nosso Mestre nos dá um novo nome. Esse nome é na verdade um koan que vamos carregar conosco para o resto da vida. Um koan, no meu humilde entendimento, é uma espécie de enigma sem solução aparente, sob a forma de uma frase, um poema, uma pequena história, ou mesmo de uma pergunta sem resposta. Não é para ser entendido com a mente. Para compreender um koan é preciso praticá-lo. E o mesmo se dá com o nosso nome. É um precioso presente de nosso Mestre para nos auxiliar na prática. Através desse nome, o Mestre nos incentiva a desenvolver qualidades que ele identifica em nós, mas que nem suspeitávamos ter.
Quando fui ordenada, meu Mestre, Tokuda Roshi, me deu o nome Gyokuhô Seiin, que quer dizer "Pérola Preciosa do Puro Yin".
Ele explicou de maneira muito poética e emocionante que existe uma lenda no Japão que diz que quando uma pessoa tem uma bela voz é como se tivesse uma pérola preciosa na garganta e que quando a pessoa canta essa pérola gira emitindo um som que é como o puro Yin, o princípio feminino da natureza.
Como cantora, não poderia ter ficado mais feliz! Foi como se eu estivesse recebendo uma confirmação e ao mesmo tempo, uma missão: Usar minha voz para compartilhar o Dharma, cantando, falando e mesmo escrevendo aqui neste singelo espaço.
Agradeço a vocês pela oportunidade de praticar!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Bonjour Vietnam


(Pham Quynh Anh)

Raconte-moi ce nom étrange et difficile à prononcer
Que je porte depuis que je suis née
Raconte-moi le vieil empire et le trait de mes yeux bridés
Qui disent mieux que moi ce que tu n'oses dire
Je ne sais de toi que des images de la guerre
Un film de Coppola, des hélicoptères en colère

Un jour, j'irai là-bas
Un jour, dire bonjour à ton âme
Un jour, j'irai là-bas
Te dire bonjour, Vietnam

Raconte-moi ma couleur, mes cheveux et mes petits pieds
Qui me portent depuis que je suis née
Raconte-moi ta maison, ta rue, raconte-moi cet inconnu
Les marchés flottants et les sampans de bois
Je ne connais de mon pays que des photos de la guerre
Un film de Coppola, des hélicoptères en colère

Un jour, j'irai là-bas
Un jour, dire bonjour à mon âme
Un jour, j'irai là-bas
Te dire bonjour, Vietnam

Les temples et les Bouddhas de pierre pour mes pères
Les femmes courbées dans les rizières pour mes mères
Dans la prière, dans la lumière, revoir mes frères
Toucher mon arbre, mes racines, ma terre

Un jour, j'irai là-bas
Un jour, dire bonjour à mon âme
Un jour, j'irai là-bas
Te dire bonjour, Vietnam
Te dire bonjour, Vietnam



Para que possamos dizer sorrindo, "Bom dia, Vietnam!", visite http://helpbatnha.org/

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O mantra de Tara


A origem do culto de Tara é descrita pelo famoso escritor e historiador medieval Taranatha no seu livro de 1608, A origem do tantra de Tara.
Segundo Taranatha, tudo se passou numa Era (ou eon) muito antiga. Um eon tem a duração do Universo. Ou seja, o tempo entre o aparecimento e o desaparecimento de todo o Universo - isto é um eon.
Havia, pois, numa Era muito antiga, uma princesa chamada Lua de Sabedoria, que era discípula de um Buddha, que era seu Guru. Ela tinha tanta devoção por seu Guru que um dia cobriu o equivalente a 19.000 m3 de preciosos oferecimentos para ele.
Esta princesa atingiu as mais altas realizações espirituais, graças provavelmente à devoção que tinha ao seu Guru. Por isso diz-se que o Guru é a fonte de todas as realizações.
Assim alguém lhe disse que, como um dos muitos resultados de sua prática, ela ia renascer como homem. O nascer homem era considerado mais benéfico do que nascer mulher, pois assim poderia viver como iogue na floresta, ou numa gruta deserta, sem ser molestada.
Mas a princesa não quis. Ela disse que havia muitos iluminados sob a forma masculina, e que ela queria tornar-se uma iluminada sob a forma feminina.
Após uma longa meditação em retiro ela atingiu o altíssimo estado de Anutpada ou não origem. Aquele é o mais elevado nível de meditação existente, quando podia ver o real estado da mente e os fenômenos como "incriados", sem início, sem limites.
A partir de então passou a ser conhecida como Tara (Tare), ou Drolma que quer dizer salvadora, ou aquela que libera. Tara é uma palavra sânscrita.
Segundo a lenda, muito tempo depois, Ela prometeu ao Buddha Amoghasidhi defender a todos os seres na mais profunda vastidão das dez direções, passando a ter vários nomes, como imediata e heróica, até se tornar por sua atividade a corporificação de todos os Buddhas.
A partir de então se inicia o culto e prática de Tara como a ação concentrada de todos os Budas, o seja, o culto da mãe Tara.
Foi o próprio Buddha Sakyamuni que na nossa Era revelou o Tantra de Tara, como a mãe de todos os Buddhas.
Tara é uma deidade meditacional, corporificação da atividade de todos os Buddhas.
Tara é conhecida como Arya Tare, a Nobre Tara, a Grande Rápida Protetora, a Eliminadora dos Oito Medos.
Segundo Geshe Lobsang Tenpa seu mantra, Om Tare Tuttare Ture Soha, significa:
Om - São as qualidades do corpo, palavra e mente dos Buddhas. É a meta.
Tare - Significa aquela que liberta.
Tuttare - Que elimina todos os medos.

(fonte: http://www.taradhatusulamerica.org)

Aqui temos a interpretação do mantra de Tara na belíssima voz da monja Ani Chöying Drolma, que viabilizou a realização de seu sonho, a construção da Arya Tara School, uma escola para monjas no Nepal, com recursos adquiridos em apresentações musicais por todo o mundo. Ela nos conta sua história com muito realismo e bom humor no livro "Minha voz pela liberdade", da Ed. Rocco. Om Tare!

domingo, 25 de outubro de 2009

Assum Preto



(Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira)

Tudo em vorta é só beleza
Sol de Abril e a mata em frô
Mas Assum Preto, cego dos óio
Num vendo a luz, ai, canta de dor
Tarvez por ignorança
Ou mardade das pió
Furaro os óio do Assum Preto
Pra ele assim, ai, cantá mió
Assum Preto veve sorto
Mas num pode avuá
Mil vez a sina de uma gaiola
Desde que o céu, ai, pudesse oiá
Assum Preto, o meu cantar
É tão triste como o teu
Também roubaro o meu amor
Que era a luz, ai, dos óios meus
Também roubaro o meu amor
Que era a luz, ai, dos óios meus.


Esta é uma das minhas muitas canções favoritas. Sempre gostei dela, especialmente da pungente interpretação de Gal Costa.
A letra nos conta a triste ventura de um pássaro, o Assum Preto, que por ignorância dos homens, tem seus olhos furados, pois segundo a crença popular, quando cego, ele canta melhor.
Essa história nos remete à nossa própria condição humana. Assim como o pássaro, vivemos cegos, imersos na ignorância e no sofrimento, acreditando que dessa maneira podemos "cantar melhor". Isso é o que o Buda chamou de Dukkha, ou Natureza do Sofrimento, a primeira das Quatro Nobres Verdades de seu ensinamento supremo.

"Eis a verdade do sofrimento. Nascimento é sofrimento, envelhecimento é sofrimento, doença é sofrimento, morte é sofrimento. Tristeza, lamentação, dor, pesar e desespero são sofrimento. Não ter o que se deseja é sofrimento, separação do que se deseja é sofrimento, união com o que não se deseja é sofrimento. Saudade é sofrimento, ser escravo de um passado já morto e um futuro inexistente é sofrimento. Ser presa fácil de estímulos exteriores de toda ordem é sofrimento. Quando sopram os ventos da sensibilidade nós vamos cegamente à sensualidade, quando sopram os ventos da raiva nós vamos cegamente à violência, quando sopram os ventos da agitação e preocupação nós vamos cegamente em direção à ansiedade e angústia, quando sopram os ventos da dúvida nós vamos cegamente ao ceticismo." (Sakyamuni Buddha)

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Buddha Shakyamuni

Keizan Jôkin

O Buddha Shakyamuni realizou a iluminação ao ver a estrela d'alva. Ele disse, "eu e todos os seres sencientes sobre a terra, juntos, atingimos a iluminação ao mesmo tempo."

Shakyamuni deixou seu palácio uma noite, quando tinha dezenove anos de idade, e raspou seu cabelo. Subseqüentemente, sentou-se sobre um trono indestrutível [sânsc. vajrasana], tão imóvel que havia teias em suas sobrancelhas, um ninho de pássaro sobre sua cabeça e juncos crescendo pela sua esteira. Assim, ele se sentou durante seis anos.

Em seu décimo terceiro ano, no oitavo dia do décimo segundo mês, foi subitamente iluminado quando a estrela d'alva apareceu. Então disse as palavras anteriores, seu primeiro rugido de leão.

Depois disso, passou quarenta e nove anos ajudando os outros ao ensinar, nunca permanecendo em reclusão. Ensinou mais de trezentas e sessenta assembléias e então finalmente transmitiu o tesouro do olho do Dharma a Kashyapa, e sua transmissão continuou até o presente. De fato, esta é a raiz da transmissão e prática do ensinamento verdadeiro na Índia, China e Japão.

O comportamento do Buddha Shakyamuni durante sua vida é um modelo para os discípulos que deixou. Mesmo apesar de poder ter tido as trinta e duas marcas especiais da grandeza e os oitenta tipos de refinamentos, ele manteve a forma de um velho mendigo, não diferente de qualquer um.

Portanto, desde que esteve no mundo durante os três períodos de seu ensinamento — genuíno, imitação e infiel —, aqueles que buscaram o caminho de seu ensinamento imitaram a forma e as maneiras do Buddha, usaram a doação do Buddha e, em todos os seus feitos, sempre consideraram em primeiro lugar o dever do auto-entendimento. Tendo sido transmitido de Buddha a Buddha, de adepto a adepto, o ensinamento verdadeiro nunca foi cortado. Esta história claramente aponta para isto.

Apesar de o que o Buddha apontou e explicou nos mais de trezentos e sessenta encontros durante quarenta e nove anos não ter sido o mesmo, as várias histórias, parábolas, metáforas e explicações não vão além do princípio ilustrado na história de sua iluminação.

Isto quer dizer, o "eu" não é o Buddha Shakyamuni — até mesmo o Buddha Shakyamuni vem deste "eu". E isto não apenas dá nascimento ao Buddha Shakyamuni — "todos os seres sobre a terra" também vêm daqui. Assim como, quando você levanta uma rede, todos os furos são levantados, do mesmo modo, quando o Buddha Shakyamuni foi iluminado, todos os seres sencientes sobre a terra também foram iluminados. E não apenas todos os seres sobre a terra foram iluminados — todos os buddhas do passado, do presente e do futuro também atingiram a iluminação.

Apesar de isto ser assim, não pense no Buddha Shakyamuni como tendo se tornado iluminado — não veja o Buddha Shakyamuni fora de todos os seres sobre a terra.

Por mais imensamente diversas montanhas, rios, terra e todas as formas e aparências que possam haver, todas elas estão no olho de Buddha. E você também está no olho de Buddha. E não é simplesmente que você está lá — o olho tornou-se você. O olho de Buddha tornou-se o corpo completo de todos, cada um estando lá.

Portanto, este claro olho brilhante que atravessa todo o tempo não deve ser pensado [do modo] como as pessoas evidentemente [pensam] aqui — você é o olho de Buddha, Buddha é todo o seu corpo.

Sendo assim, o que você chama de princípio da iluminação? Pergunto a você, o Buddha é iluminado com você? Você é iluminado com o Buddha? Se você diz que se tornou iluminado com o Buddha, ou se você diz que o Buddha torna-se iluminado com você, isto não é a iluminação do Buddha, de nenhum modo. Portanto, não deve ser chamado de princípio da iluminação.

Mesmo assim, "eu" e "juntos" não são um nem dois. Sua pele, carne, ossos e medula estão todos "juntos" e a hoste dentro da causa é o "eu". Não tem pele, carne, ossos ou medula, não tem elementos físicos grosseiros ou mentais. Definitivamente falando, "Se você quiser conhecer a pessoa imortal na cabana, como isso poderia ser possível separada deste saco de pele?" Então, você não deve entender os seres sobre a terra como distintos de si mesmo.

Enquanto as estações vêm e vão, e as montanhas, rios e terra mudam com os tempos, você deve saber que este é o Buddha levantando suas sobrancelhas e piscando seus olhos — então é o "corpo único revelado em formas miríades". O antigo mestre Fa-yan disse, "Sobre qual apagamento ou não-apagamento você pode falar?" E Ti-tsang, "O que você chama de formas miríades?"

Então, estudando de todos os ângulos, penetrante de todos os modos, você deve esclarecer a iluminação do Buddha e entender sua própria iluminação. Quero que todos vocês vejam esta história de perto e que sejam capazes de explicá-la, deixando a explicação fluir a partir do seu próprio coração, sem tomar emprestado as palavras de um outro.

Também quero adicionar um humilde ditado a esta história:

Um galho cresce sobre a velha macieira;
Espinhos vêm ao mesmo tempo.

(Adaptado de Keizan, Transmission of light: Zen in the art of enlightenment. Tradução e introdução de Thomas Cleary. San Francisco: North Point Press, 1990. Pág. 3-5.)

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Poema do Zazen


Fazendo zazen calmamente no dojo
Colocando de lado todos os pensamentos negativos
Obtendo nada além de uma mente sem desejos
Esta alegria está além do paraíso

O mundo corre atrás de fama e honra
Roupas bonitas e conforto
Mas estes prazeres não são a verdadeira paz
Você corre e permanece insatisfeito até a morte

Vista o kesa e o quimono preto e pratique o zazen
Concentre-se com determinação,
Quer esteja quieto ou em movimento
Veja com seus olhos a profunda sabedoria interior
Observe e conheça intimamente
O verdadeiro aspecto de toda ação e de toda a existência
Seja capaz de observar o equilíbrio
Compreenda e conheça com uma mente que está totalmente calma

Se você é assim
Sua dimensão espiritual,
A mais elevada no mundo,
Estará além de qualquer comparação."

(Kodo Sawaki Roshi)