quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A prática do nome

Na nossa tradição, o Zen-Budismo, quando recebemos a ordenação monástica é como se estivéssemos nascendo para uma nova vida, a vida do Dharma. Não que isso signifique que devemos abandonar nossa vida cotidiana, nossos afazeres, nosso trabalho, nossos entes queridos, nada disso. Mas fazemos votos de incorporar o Dharma às nossas vidas, seguindo o caminho que o Buda nos ensinou como uma forma de aliviar o nosso sofrimento e o dos seres à nossa volta.
Simbolicamente, como estamos nascendo para uma nova vida, totalmente dedicada ao Dharma, nosso Mestre nos dá um novo nome. Esse nome é na verdade um koan que vamos carregar conosco para o resto da vida. Um koan, no meu humilde entendimento, é uma espécie de enigma sem solução aparente, sob a forma de uma frase, um poema, uma pequena história, ou mesmo de uma pergunta sem resposta. Não é para ser entendido com a mente. Para compreender um koan é preciso praticá-lo. E o mesmo se dá com o nosso nome. É um precioso presente de nosso Mestre para nos auxiliar na prática. Através desse nome, o Mestre nos incentiva a desenvolver qualidades que ele identifica em nós, mas que nem suspeitávamos ter.
Quando fui ordenada, meu Mestre, Tokuda Roshi, me deu o nome Gyokuhô Seiin, que quer dizer "Pérola Preciosa do Puro Yin".
Ele explicou de maneira muito poética e emocionante que existe uma lenda no Japão que diz que quando uma pessoa tem uma bela voz é como se tivesse uma pérola preciosa na garganta e que quando a pessoa canta essa pérola gira emitindo um som que é como o puro Yin, o princípio feminino da natureza.
Como cantora, não poderia ter ficado mais feliz! Foi como se eu estivesse recebendo uma confirmação e ao mesmo tempo, uma missão: Usar minha voz para compartilhar o Dharma, cantando, falando e mesmo escrevendo aqui neste singelo espaço.
Agradeço a vocês pela oportunidade de praticar!

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